Gosto pelo estudo cai no ensino médio.
Pesquisa apresentada em fórum da revista Educação aponta que apenas metade dos estudantes declaram gostar de estudar; no ensino médio, porcentagem é ainda menor.
Gestores assistem à apresentação de pesquisa sobre os desejos e visões das crianças e adolescentes, no Fórum Revista Educação |
Desoneração
Outro tema debatido na última terça-feira (4), durante o Fórum Revista Educação, foi a desoneração da folha de pagamento de escolas particulares. A discussão, que já foi levada ao Congresso Nacional pela Federação Nacional das Escolas Particulares (Fenep), teve início com uma Medida Provisória que permite a alguns setores da economia, como o têxtil, o de pães e massas, call center e equipamentos médicos, entre outros, substituírem a contribuição ao INSS de 20% da folha de pagamento por uma contribuição baseada em alíquotas de 1% ou 2% sobre a receita.
Fernando Barão, da Corus Consultores, questionou os presentes: "quais as razões da educação não ter sido beneficiada, mesmo tendo uma importância estratégica maior que os outros setores?" Para ele, além de não existir uma articulação grande do setor educacional, o problema está na origem da política de desoneração. "A política visa aumentar o PIB e conter a inflação, por isso a indústria é uma das mais beneficiadas", argumenta. Veja aqui a apresentação de Fernando Barão sobre a política de desoneração. Os efeitos do aumento das cotas para 50% nas universidades públicas também foi objeto de debate no fórum, em apresentação do economista Fernando Botelho.
Avaliação
Educar para o Enem ou educar para a vida? Com esse questionamento, Priscila Cruz, diretora executiva do Todos Pela Educação, abriu a mesa de debates sobre a utilização do exame como principal parâmetro para a formação dos estudantes. Priscila ressaltou três pontos determinados pela própria Constituição Federal: a educação deve visar o desenvolvimento pleno da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. "O Enem não contempla tudo isso. Ele avalia apenas um recorte das habilidades cognitivas dos estudantes", explica.
Pablo Doberti, diretor do Uno Internacional, acredita que há uma preocupação excessiva das escolas em relação ao exame. "O sistema educacional hoje vive obcecado pelo Enem e pelos vestibulares", destaca.
Pablo Doberti, Priscila Cruz, José Pacheco e Eugênio Cordaro: educar para o Enem ou para a vida? |
Na opinião de Pacheco, o Enem serve apenas para medir a capacidade de memorização a curto prazo dos estudantes. O educador também faz críticas às avaliações de larga escala aplicadas no país, como a Prova Brasil, e discorda da adoção do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) como uma medida de qualidade educacional.
"Nós temos hoje um excesso de diagnóstico, mas fazemos muito pouco com os resultados", concorda Priscila Cruz. No entanto, ela discorda do educador português em relação à extinção das provas e ao uso do Ideb. "A criança tem que aprender a fazer prova, porque querendo ou não ela vai se deparar com essa situação ao longo da vida", opina. Quanto ao Ideb, ela acredita que o índice foi um dos propulsores para a melhora, ainda que tímida, de muitas redes. "Acho que temos que repensar as avaliações e ter uma visão crítica em relação a elas, mas não radicalizar e acabar com tudo", ressalta.
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